sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O Consumo e suas decadências


Hoje o mundo já sofre com as mazelas, as moléstias do consumismo, das compras impensadas e não sustentável. Isso vem exaurindo os recursos naturais, em especial as matérias-primas e a energia. Estamos caminhando para um colapso ambiental e prova disso são as mudanças climáticas que vem ocorrendo no Planeta Terra. Além de conseqüências ruins ao consumista que são processos de alienação, exploração no trabalho, a multiplicação de supérfluos (que contribuem para o processo de degradação das relações sociais e entre sociedades) e a oneomania (que é um distúrbio caracterizado pela compulsão de gastar dinheiro que é mais comum nas mulheres tomando uma proporção de quatro por um), o meio ambiente também sofre com este “mal do século”, pois o aumento desenfreado do consumo incentiva o desperdício e a grande quantidade de lixo. 

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Brasil é 4º em consumo de chocolate no mundo

O Brasil assumiu este ano o posto de quarto maior consumidor de chocolate do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, da Alemanha e do Reino Unido. Serão produzidas este ano 340 mil toneladas do produto, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab).
O volume estimado para este ano apresenta um crescimento de 12% em relação ao ano passado. "As principais razões são o aumento da renda do brasileiro e a maior diversidade de produtos", diz o presidente da Abicab, Getúlio Ursulino Netto. "O brasileiro adora chocolate. Quando tem mais dinheiro na mão, ou ele compra mais chocolate, ou escolhe os mais caros."
O consumo médio de um brasileiro é de 2,4 kg por ano (metade do que um americano consome). "Mas essa é a média. Em São Paulo, o consumo chega a 3,8 kg por ano, enquanto em alguns Estados do Norte não chega a 1 kg."
Com a aproximação da Páscoa, no dia 23 de março, a Abicab reuniu ontem seus membros para apresentarem em um showroom os lançamentos para a data comemorativa. Quinze fabricantes de chocolates apresentaram cerca de 200 produtos criados especialmente para a data, que vão desde o tradicional chocolate ao leite aos mais elaborados, como trufas, e ovos com recheios de brinquedos

Consumo e Consumismo

Era uma vez a Revolução Industrial. E com ela, a era da produção em massa. Milhares, milhões de unidades de tudo o que se possa imaginar, sendo produzidas diariamente nas fábricas ao redor do mundo. No último ano, por exemplo, foram 46 milhões de automóveis, 300 milhões de fornos de microondas e 650 milhões de telefones celulares. Sem falar das mais de 6 bilhões de pizzas!
Ocorre que toda essa montanha de produtos deve ser escoada. Caso contrário, a máquina emperra. Estoques se avolumam, plantas industriais são desativadas, a recessão, esse grande fantasma do sistema capitalista, se instala. Para escoar a produção, é preciso que as pessoas consumam. O consumo é o coração de todo o sistema, responsável por manter a máquina em movimento. Sem consumo – e mais, sem consumo em níveis crescentes – o sistema capitalista, em linguagem técnica, vai para o brejo.
Como manter o consumo em níveis crescentes? Não é preciso muito esforço. O ser humano tem, por natureza, uma compulsão natural a consumir. Quer coisa mais agradável do que entrar em uma loja para comprar algo de que precisamos? E mesmo algo de que não precisamos tanto assim? Aliado a essa tendência natural, contamos com a poderosa ajuda da publicidade. Despertando necessidades que você nem ao menos suspeitava que estivessem aninhadas no fundo mesmo do seu ser, a publicidade vem de mãos dadas com a Revolução Industrial, lubrificando os canais de escoamento da produção.
Longe de mim ser um opositor da sistema capitalista, ou da publicidade, ou mesmo do consumo. Afinal, estamos inseridos nesse contexto. E ainda não inventaram nada mais eficiente para a geração de riqueza do que o capitalismo. Mas consumo é diferente de consumismo, sendo este a versão doentia daquele.
O que caracteriza o consumismo? Como saber se estamos doentes? E, uma vez descoberta a infecção, qual o tratamento?
Podemos definir consumismo como uma compulsão para consumir. Essa compulsão pode atacar em vários graus, desde aquela compra ocasional em que se chega em casa com a sensação de que não precisava ter comprado aquele aquecedor de travesseiros que parecia ser tão útil quando você estava na loja, até o closet transbordando com 445 pares de sapato. Vejamos alguns sinais inequívocos de que o vírus do consumismo está instalado no seu organismo:
  • Você não consegue sair de um Shopping Center sem pelo menos uma sacolinha na mão;
  • Qualquer objeto comprado há mais de um ano, desde um relógio até um automóvel, lhe parece insuportavelmente velho e ultrapassado, precisando urgentemente ser trocado;
  • Você estoura o seu limite do cartão de crédito com freqüência;
  • Você se sente rebaixado, humilhado, arrasado, quando alguém próximo (o cunhado, o vizinho) aparece com um objeto mais moderno, mais atual, mais caro...
  • Os objetos de marca exercem um fascínio irresistível sobre você;
  • Ir às compras é o seu hobby predileto.
Apesar da aparência simpática (quem não gosta de fazer umas comprinhas, afinal?), o consumismo é uma doença terrível: destrói casamentos, arrasa orçamentos, deixa a vítima em um estado lastimável. Como fazer para não escorregar ladeira abaixo?
A receita clássica é distinguir o essencial do necessário, e o necessário do supérfluo. Por exemplo: para matar a sede, precisamos de água. Água, portanto, é essencial. Se estiver gelada, a água mata a sede mais depressa. Portanto, água gelada é algo necessário. Agora, água da marca San Pelegrino, a R$ 4,00 a garrafa, definitivamente é supérfluo. Não podemos viver sem o essencial. Podemos viver com alguma dificuldade sem o necessário. Podemos viver facilmente sem o supérfluo. A vida do consumista está abarrotada de supérfluos.
Sendo assim, é preciso fazer honestamente a si mesmo a pergunta: isso que estou comprando é essencial? Ou mesmo necessário? Posso continuar vivendo sem isso? As respostas a estas perguntas variarão enormemente entre as pessoas. Se você é um alto executivo de uma multinacional, provavelmente um terno de marca será necessário. Por outro lado, se se trata de um estudante que vai usar o terno em um casamento e depois encostá-lo, é mais provável que seja supérfluo.
Os pais têm um papel fundamental na educação do consumo de seus filhos. As crianças aprendem desde cedo a consumir supérfluos, mesmo porque são completamente indefesas em relação à publicidade, pois ainda não contam com um saudável espírito crítico. Quantos adultos consumistas de hoje não são o resultado de uma educação frouxa, em que os pais sempre deram tudo o que os filhos pediam. É preciso, desde cedo, acostumar as crianças com as perguntas: “É essencial? É necessário?”
Obviamente, comprar supérfluos de vez em quando não é crime. Uma data comemorativa, uma festa, um evento, podem justificar a compra de algo supérfluo. Neste caso, o supérfluo torna-se necessário, para justamente marcar a data. É preciso, no entanto, tomar o cuidado de não multiplicar as datas comemorativas a ponto de praticamente não haver mais dias “normais”. Sob o pretexto do “eu mereço”, muitas vezes nós nos concedemos compensações que acabam no... consumismo!
Não se trata, por outro lado, de ser sovina. Economizar por economizar. Fugir do consumismo não é ser avarento. Evitamos o consumismo com o objetivo de alcançar uma vida financeira mais saudável e, no final das contas, mais feliz. Porque, ser escravo do supérfluo, por mais doce que pareça, nada mais é do que uma falta de liberdade, que acaba por tornar o ser humano infeliz.

Consumismo



O consumismo é uma compulsão caracterizada pela busca incessante de objetos novos sem que haja necessidade dos mesmos. Após a industrialização, criou-se uma mentalidade de que quanto mais se consome mais se tem garantias de bem-estar, de prestígio e de valorização, já que na atualidade as pessoas são avaliadas pelo que possuem e não pelo que são. 

Uma pessoa pode ser considerada consumista quando dá preferência ao shopping a qualquer outro tipo de passeio, faz compras até que todo o limite de crédito que possui exceda, deixa de usar objetos comprados há algum tempo, não consegue sair do shopping sem comprar algo, se sente mal quando alguém usa um objeto mais moderno que o seu, etc.
 

O consumismo é fortemente induzido pelo marketing que consegue atingir a fragilidade íntima das pessoas e este é um dos motivos pelos quais o sexo feminino é mais propenso à compulsão. Para a psicanálise, o marketing interfere na diferenciação do que se deve ou não comprar, tornando assim as pessoas incessantemente descontentes buscando nas compras algo que as conforte. Essa compulsão leva as pessoas a desprezarem seus valores e sua situação financeira e as mantêm em estado de fascínio e até de hipnose. Muitas pessoas destroem seu casamento ou outro tipo de relação e ainda se colocam em difíceis situações devido às más condições financeiras provocadas por tal compulsão.
 

É importante lembrar que nem todas as pessoas que consomem muitos supérfluos são consumistas. Pessoas com bom poder aquisitivo que não sacrificam suas vidas para ir às compras não são necessariamente consumistas compulsivas.
 

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Consequências do consumismo


A população mundial estará usando duas vezes mais recursos que o planeta é capaz de produzir dentro de 50 anos a menos que haja uma mudança imediata no estilo de vida da humanidade, alertou o grupo ambientalista Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês) em um relatório publicado nesta terça-feira.
"Estamos em um sério risco ecológico ao consumirmos recursos mais rapidamente do que a Terra é capaz de substituí-los", disse o diretor-geral da WWF, James Leape. "As conseqüências disto são previsíveis e terríveis", acrescentou.
"As cidades, centrais elétricas e lares que construímos hoje ou irão trancar a sociedade em um excesso de consumo danoso posterior à nossa existência, ou começarão a induzir esta geração e as próximas a uma vida sustentável", continuou.
O relatório Planeta Vivo (Living Planet), um documento de balanço sobre o meio ambiente global publicado ano sim, ano não, mostrou um crescimento absurdo na demanda das capacidades mundiais de produzir ar limpo e fornecer matérias-primas, comida e energia.
Dois anos atrás, o mesmo documento baseado em dados de 2001 destacou que a população mundial já estava superando a capacidade da Terra de regenerar recursos em pouco mais de 20%.
A edição de 2006 do relatório destacou que o número aumentou para 25% em 2003. A "pegada ecológica" da humanidade triplicou entre 1961 e 2003, impelida sobretudo pelo uso de combustíveis fósseis tais como petróleo e carvão, acrescentou.
O WWF destacou que as emissões de dióxido de carbono derivadas do consumo de energia foram o componente de crescimento mais rápido naquele período, aumentando mais de nove vezes.
Enquanto isso, uma consulta sobre a vida animal entre 1970 e 2003 demonstrou que as espécies terrestres diminuíram 31%, as espécies de água doce, 28% e as espécies marinhas, 27%.
"Esta tendência global sugere que estamos degradando os ecossistemas naturais em uma taxa sem precedentes na história humana", acrescentou o documento.
"É hora de fazer algumas escolhas vitais. A mudança que implementa padrões de vida, enquanto reduz o impacto no mundo natural, não será fácil", disse Leape.
Segundo o relatório, cada pessoa ocupa uma "pegada ecológica" equivalente a 2,2 hectares em termos de sua capacidade de poluir ou consumir energia e outros recursos, inclusive comida, enquanto o planeta só é capaz de oferecer individualmente 1,8 hectare.
O WWF calcula que mesmo uma reversão rápida em hábitos de consumo só trariam o mundo de volta aos níveis de 1980 - quando já existia excesso - em 2040.
Os Emirados Árabes Unidos (11,9 hectares por pessoa) e os Estados Unidos (9,6) voltaram a aparecer no topo do ranking de impacto ambiental do relatório, que classifica os países segundo seu alto consumo energético.
A Finlândia e o Canadá superaram o petroleiro Kuwait nas terceira e quarta posições.
Assim como outros países nórdicos, a Finlândia teve um consumo energético relativamente baixo, mas sua indústria madeireira representou um fator de pressão sobre as florestas, alertou o WWF.
Austrália, Estônia, Suécia, Nova Zelândia e Noruega fecharam a lista dos "10 mais", seguidos de Dinamarca, França, Bélgica e Grã-Bretanha.
A China e seus 1,2 bilhão de habitantes ficou em 69º, com uma "pegada-média" crescente de 1,6 hectare. De acordo com o WWF, o rápido desenvolvimento econômico do gigante asiático implica em que tem "um papel chave em manter o mundo no caminho da sustentabilidade".
A pegada do WWF para um país inclui terras cultiváveis, florestas e áreas de pesca necessárias para produzir comida, fibras e madeira que consome.
Também avalia a capacidade de uma nação em absorver a quantidade de dejetos que produz enquanto gera energia, bem como o espaço necessário para sua infra-estrutura.

CONSUMO CIDADÃO


Natal é a época fértil do consumismo. Para o pedagogo e responsável pela Casa Vida, a resposta para combater esse hábito cultural pode estar na cidadania.
"É preciso contrabalançar consumo e cidadania"
O Padre Júlio Lancellotti é um exemplo de compromisso social. Além de desenvolver trabalhos ligados a questões emergenciais como o da Casa Vida, entidade que já tem dez anos e abriga, atualmente, 34 crianças e jovens com vírus HIV, ele também é um dos grandes incentivadores de políticas públicas no cenário nacional.
Formado em pedagogia, o padre Júlio responde, ainda, pela coordenação do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente da Pastoral do Menor, em São Paulo, instituição voltada ao público infanto-juvenil em situação de rua.
Em entrevista à Consumidor S.A., ele aponta as causas e as conseqüências do consumismo desenfreado e como essa realidade pode ser mudada, a partir da conscientização e da busca por um consumo mais responsável.
Consumidor S.A.– A mensagem do Natal foi distorcida em todo o mundo. Nesta época, as pessoas apenas se preocupam em consumir. O que provocou isso?Padre Júlio Lancellotti– Para entender o motivo, talvez seja necessário rever a origem do ato de se presentear e, depois, como isso foi deturpado. O Natal pode ser visto como um presente de Deus para a humanidade. Também se trabalhou muito o significado do presente que os três reis magos levaram ao menino Jesus, o que, na verdade, é mais uma descrição teológica do que material. Em alguns países, sobretudo na Europa, as pessoas se presenteiam no Dia de Reis e não no Natal, por exemplo. Mas o fator determinante partiu de uma necessidade do mercado de encontrar datas onde o estoque de produtos possa ser escoado. É uma tendência quase de sobrevivência do consumo e até da própria sociedade. Se o consumo não for gerado, a produção tende a cair enquanto o desemprego corre o risco de aumentar. Acho importante enfatizar, contudo, que isso não acontece por maldade (das pessoas) e sim por culpa do sistema.
Consumidor S.A.– As pessoas não são responsáveis também?Padre Júlio– Eu não jogaria a culpa nos consumidores. Afinal, todos são massacrados no Natal. É comum o pensamento: “como vou ser um bom pai, uma boa mãe, se eu não der presentes para os meus filhos neste Natal”? O complicado é combater isso, pois gera um conflito tremendo.
Consumidor S.A.– Como é possível mudar esse quadro?Padre Júlio– Acredito que a saída é a educação. A sociedade organizada pode contribuir, ajudando na conscientização e na capacitação da população, a fim de que todos adquiram uma atitude mais crítica de consumo, mais responsável, mais solidária. Já a melhor maneira de ensinar é pela cidadania. Isso acontece quando você batalha para que as pessoas tenham seus direitos respeitados, condições de vida dignas e políticas públicas. Assim, estaremos trabalhando contra esse mercado de consumo, que acaba sendo seletivo, desigual, cultural e frustrador. Estaremos lutando contra essa cultura que passou a ser o coração das relações humanas. Não deixa de ser um trabalho difícil, principalmente por causa da mídia.
Consumidor S.A.– E a propaganda, qual o seu papel na indução ao consumo?Padre Júlio– Os mundos de mercado e da propaganda são grandes incentivadores do consumo desenfreado. Mas o mais cruel é que o marketing é democrático. O apelo ao consumo atinge a todos, sejam pobres ou ricos. As grifes não fazem propagandas diferenciadas. Isso gera a frustração, que é a mãe da violência.
Consumidor S.A.– Este é o caso da maioria dos jovens internos na Fundação do Bem Estar do Menor (Febem)? Uma estatística da entidade mostrou que 62% dos jovens infratores entram na Febem por roubo, isto é, por causa do consumismoPadre Júlio– Sim, o índice de furto na instituição é bastante alto. Os jovens roubam para manter a questão da dependência química, mas também para comprar um tênis ou uma roupa de marca. Para ter alguma identidade, ou se encaixarem em determinado meio social, muitas vezes são obrigados a comprar não o produto, mas sua grife. Isso é terrível porque cria uma massificação que, numa data como o Natal, acaba significando a época de ter algumas coisas, de comprar. Não é mais a época de encontro entre as pessoas, de celebração da vida que se renova. As pessoas apenas se preocupam com o que vão vestir, o que vão comer...
Consumidor S.A.– Como o consumidor pode ter uma atitude de consumo responsável, seja no Natal ou em qualquer outra época do ano?Padre Júlio– Para qualquer momento, as pessoas só devem consumir aquilo que é necessário. Hoje, já existem outras dicas: não consumir produtos que explorem, em sua cadeia de produção, o trabalho infantil. Para isso, o consumidor pode verificar se o produto tem o selo da Abrinq “Empresa Amiga da Criança”. Além disso, ele pode optar pelos produtos ecológicos que visam a preservação do meio-ambiente. Na verdade, antes de sermos consumidores, devemos nos observar como pessoas. Geralmente, comprar compulsivamente pode ser uma maneira de encobertar uma espécie de frustração, de resolver problemas emocionais. Mas não adianta tentar melhorar a auto-estima comprando, o único jeito é buscar nossas necessidades básicas de afeto, de amor, de respeito e de dignidade. Mas o principal é contrabalançar consumo com cidadania.
Consumidor S.A.– Como o sr. aconselharia um pai que deseja educar seu filho para um consumo responsável?Padre Júlio– Na missa ou no batismo, eu sempre enfatizo a questão da partilha para a solidariedade, usando a metáfora do pão repartido. Eu costumo dizer às crianças: “o pão repartido tem gosto de amor”. Também acho que os pais não podem dar tudo o que seus filhos quiserem, mas tudo a que eles têm direito, isto é, serem amados e respeitados. Os filhos não podem ser um saco de consumo, onde você vai jogando tudo lá dentro. É claro que não há como educar sem confronto, sem crise. Ainda mais porque a mentalidade consumista vem junto com a nossa certidão de nascimento.

Propaganda induzindo o consumismo


A propaganda induz o consumo, e pode até prejudicar a saúde, já que agora até o hábito de fumaré adquirido graças a propaganda.


O hábito de fumar é adquirido geralmente na adolescência. Sabe-se que o cigarro é composto de uma série de substâncias tóxicas ao organismo, capazes de provocar um grande número de doenças. A atitude rebelde, própria dos adolescentes, poderia ajudar a explicar o motivo destes iniciarem o tabagismo, mesmo tendo consciência dos malefícios do fumo, porém outros fatores também estão implicados nesta situação.

Um grupo de pesquisadores norte americanos publicou um estudo na revista Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine, em Março de 2007, no qual procuraram avaliar a influência dos meios de entretenimento (cinema e televisão), na indução do hábito de fumar dos adolescentes. Os autores afirmam que tais meios costumam veicular imagens de pessoas jovens e saudáveis fumando.

Os resultados apresentados revelaram que os adolescentes de raça branca, possuíam uma maior predisposição a iniciar o consumo de cigarro, quando expostos em excesso a filmes que mostravam jovens fumando. Além disso, entre estes adolescentes, o risco de se tornarem fumantes foi maior entre os que possuíam televisão dentro do quarto, em comparação com os que não tinham televisão no ambiente de dormir.

Os adolescentes da raça negra parecem não sofrer tal influência, uma vez que não foi demonstrada associação entre a aquisição do hábito de fumar e a freqüência com que assistiam filmes ou programas televisivos, que insinuavam o consumo de cigarros pelos atores.

Assim, os autores concluem que a população jovem deve ser adequadamente informada dos riscos implicados no consumo de fumo, bem como se deve inibir a veiculação de propagandas que associem o tabagismo com vitalidade e boa saúde, o que é totalmente falso.

Compro, logo existo

Vivemos em uma sociedade urbana, moderna e industrial escravizada pelo consumo desenfreado de produtos embalados por ilusões publicitárias. Tudo se compra, tudo se vende, tudo se descarta. Por todos os lados, há vitrines que nos atraem com suas efêmeras mercadorias, suas sedutoras promoções e suas promessas de felicidade instantânea. A TV nos mostra realidades imaginárias, nos impõe modas a seguir, sonhos para sonhar e pessoas para ser.

Diariamente, a publicidade enche as pessoas de ilusões, fazendo com que elas acreditem que ao acumular bens materiais, se tornam mais felizes. Não consumimos somente objetos físicos, como celulares e computadores, mas também tudo aquilo que está atrelado ao produto, como os ideais de felicidade e status. Por estarmos constantemente sob influência dos ideais de prazer imediato, vivemos em um mundo onde não há lugar para o sofrimento. Numa tentativa frustrante de preencher o vazio com coisas igualmente vazias, acabamos por nos autotiranizarmos neste círculo vicioso chamado consumismo.

O fato é que o povo ocidental consome muito mais do que necessita para sobreviver. Com o surgimento da Modernidade, a sociedade tornou-se mais racional e mais desamparada. A industrialização se desenvolveu e com ela surgiram novas exigências. Uma delas foi a divisão do trabalho, onde o trabalhador fica alienado à somente uma etapa de confecção do produto. As diferenças entre a produção em série e o artesanato são a total aproximação entre o produtor e o consumidor e também a especificidade do produto, que possui uma “essência”, uma “alma” única e exclusiva.

A divisão do trabalho e a produção em larga escala são necessárias para fazer a engrenagem do capitalismo girar e gerar cada vez mais lucros. A filosofia capitalista se baseia nos conceitos fordistas, de “produzir mais em menos tempo”. Contudo, com essas novas exigências do mundo-moderno-industrial, as pessoas começam a perder seus vínculos sociais e daí surge o desamparo. A sociedade se torna mais individualista e, com isso, sente-se mais vazia. O consumo surge como uma luz no fim do túnel, transformando a vida das pessoas numa ilusória jornada em busca da felicidade por meio da aquisição de produtos inúteis e igualmente vazios.

Extrapolando na utilização de cores chamativas, discursos otimistas, jingles grudentos, mensagens subliminares e até de pessoas públicas (modelos, atores, atletas etc), a publicidade é uma arma poderosa empregada na ditadura do consumo. A função de um publicitário é fazer com que o consumidor compre aquilo que não precisa com o dinheiro que não tem. A mídia é o “quarto poder”, é quem dita as regras, impõe modos de vida, cria estereótipos e inventa falsas necessidades. Através de suas novelas, mostram realidades imaginárias e passam a mensagem de que, para fazermos parte da sociedade, devemos seguir a última moda, adotar o comportamento das elites e, é claro, preencher nossas vidas com coisas supérfluas.

Como exemplo, podemos citar a rede de fast-food mundialmente conhecida como McDonald’s, que é o maior símbolo da modernidade ocidental e do consumismo alimentício. Por causa da publicidade feita em cima da marca, o McDonald’s também se tornou símbolo de juventude, desejo, felicidade instantânea e prazer. As pessoas consomem a “grife” McDonald’s, e não seus lanches; consomem a marca pelo o que ela representa, isto é, consomem os ideais de felicidade, satisfação, prazer, diversão e bons momentos que a publicidade incorporou à marca. A tão temida exclusão social é descartada a partir do momento que você faz parte da marca McDonald’s. O clima de pessoas felizes e satisfeitas explorado em seus comerciais é ilusório, pois as pessoas vão ao McDonald’s em busca desta felicidade instantânea, mas só voltam com o vazio. Portanto, o que o McDonald’s menos vende é comida.

Numa sociedade como a atual, que se baseia no consumo de fantasias criadas em prol do sistema capitalista, o filósofo francês Descartes diria: “compro, logo existo”. Afinal, numa época em que sentamos no sofá para nos entretermos com a guerra do Iraque através de um aparelho de TV Philips, munidos de pipoca e guaraná Antártica e vestidos com as roupas da grife Prada, quem não consome, não existe, e só existimos porque consumimos. 

Consumo, logo existo

Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. "Quem trouxe a fome foi a geladeira", disse. O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc.A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável.

É próprio do humano - e nisso também nos diferenciamos dos animais - manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido litúrgico.

A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais. Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da panela.

Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos "Manuscritos econômicos e filosóficos" (1844), ele constata que "o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens. Portanto, em si o homem não tem valor para nós." O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão.

Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas, tem alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa interação matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígene cultua uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém. Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um determinado vinho guardado na adega, uma jóia?

Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife. Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista a gata borralheira transforma-se em cinderela…

Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.

Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela mas não é ela: bens, cifrões, cargos etc.

Comércio deriva de "com mercê", com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas. Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia, criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de vizinhança, como ainda ocorre na feira.

Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta de convívio é compensada pelo consumo supérfluo. "Nada poderia ser maior que a sedução" - diz Jean Baudrillard - "nem mesmo a ordem que a destrói." E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.

Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo. "Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático", respondo. Olham-me intrigados. Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz".

Qual é a explicação para o consumismo?




A explicação da compulsão pelo consumo talvez possa se amparar em bases históricas. O mundo nunca mais foi o mesmo após a Revolução Industrial. A industrialização agilizou o processo de fabricação, o que não era possível durante o período artesanal. A indústria trouxe o desenvolvimento, num modelo de economia liberal, que hoje leva ao consumismo alienado de produtos industrializados. Além disso, trouxe também várias conseqüências negativas por não se ter preocupado com omeio ambiente. Felizmente, hoje, há pensamentos diferentes sobre este tema, que fizeram surgir novas profissões como, por exemplo, a de Eco-design.